segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

No alvo de nossas vidas

Em nós existe o profundo desejo de acertar. Viver a feliz experiência de manter atitudes condizentes com uma boa índole, a fim de que estejamos em paz conosco, com Deus e com os nossos semelhantes.
Apesar de haver este desejo no coração humano, este mesmo coração é marcado por fragilidades e descontentamentos que desembocam em atitudes nada agradáveis. Assim é a vida!
A palavra “humano” origina-se da língua latina (húmus), e quer dizer “terra”. É isto que somos. Viemos da terra e para ela um dia voltaremos. “Lembra-te que és pó e que ao pó voltarás” (Gn 3,19).
Diante da vulnerabilidade que habita a nossa essência humana, mesmo querendo acertar o alvo de nossas vidas, acabamos errando. Vacilamos quando queríamos atingir um resultado satisfatório.
Para nós cristãos, o erro é compreendido como pecado. Somos pecadores. Trazemos esta marca desde o nosso nascimento. O sentido da palavra pecado também nos ajuda a entender esta realidade. Seu significado vem do grego (hamartanein), que quer dizer “errar o alvo”. É exatamente isto que ocorre quando não acertamos o alvo de nossas vidas. Manchamos a nossa veste. Pecamos.
Em nossa Igreja existe a consciência de que há em seu seio, santos e pecadores e que em situações infelizes com a experiência do pecado, exige-se um processo de reparação e de reconciliação, cujas expressões concretas se dão através do sacramento da penitência. É a graça do perdão e a reintegração na comunidade pela mediação visível da Igreja.
Isto mesmo! A reparação de nossas faltas diante de Deus acontece por meio de um sacramento. Sacramento expressa a certeza de que Deus se importa conosco. Dá-nos um sinal favorável para mantermos sempre um forte elo com Ele, mesmo diante de nossa pequenez.
Diante da relevância contida neste sacramento, a Igreja nos oferece momentos oportunos para recorrermos ao sacramento da reconciliação. Quando em nossa vida, mais perdemos do que vencemos, a Igreja, sábia e mãe, nos oferece a oportunidade de pedirmos ajuda.
Infelizmente muitas pessoas não compreendem tais afirmações. Acreditam que erram, mas o perdão vem diretamente de Deus. Não há necessidade de um intermédio.
Estão certos ao dizer que o perdão é concedido por Deus. Contudo, a Igreja é uma comunidade a serviço da reconciliação e da salvação dos homens. A reconciliação é sinal de uma nova vida diante do amor misericordioso de Deus. Ao sacerdote, ministro da Igreja, representante legítimo de Cristo, assegura-se a oportunidade de conceder ao penitente o verdadeiro sentido sobre a experiência da busca do perdão com Deus, com a Igreja e com os irmãos.
Os nossos bispos, no fabuloso Documento de Aparecida, dizem que: “o Sacramento da Reconciliação é o lugar onde o pecador experimenta de maneira singular o encontro com Jesus Cristo, que se compadece de nós e nos dá o dom de seu perdão misericordioso, nos faz sentir que o amor é mais forte que o pecado cometido, nos liberta de tudo o que nos impede de permanecer em seu amor, e nos devolve a alegria e o entusiasmo de anunciá-lo aos demais de coração aberto e generoso” (DA nº 254).
       Recorramos a este sacramento na certeza de que Deus nos acolhe e nos apresenta uma nova oportunidade. O sacerdote age como um grande amigo a nos orientar e a nos garantir a possibilidade de continuarmos vivendo, na esperança de encontrar uma nova maneira para acertar o alvo do nosso viver.
Não busquemos o sacerdote movidos pelo medo, vergonha ou simplesmente pelo motivo de que não existe uma outra saída para se alcançar o perdão de Deus. Vamos ao encontro do sacerdote com o confiança de encontrarmos uma mão amiga, uma saída verdadeira, uma nova solução para não mais cairmos nas tentações que nos rodeiam. 
Peçamos o auxílio maternal de Nossa Senhora, pois ela continuará rogando ao seu Filho Jesus por nós, pecadores. Católico sabe assumir as suas faltas, os seus desacertos. Na Quaresma experimentamos esta bela virtude: a reconciliação com Deus e com os irmãos. Feliz aquele que sabe dobrar os joelhos quando deseja mudar de vida. Pecar não mais! A graça de Deus nos restaura sempre!

5 comentários:

Anônimo disse...

Sábias palavras Padre Aureliano. O sacramento da confissão é para apagar nossos pecados, desde que estejamos arrependidos. É nosso encontro com Deus.

Maria do Socorro disse...

Padre, sua benção? que belo texto sobre confissão ou penitencia! Pena que nem todas as religiões teem o prazer de ter esse sacramento!È verdade que só Deus perdoa, mas pra isso ele deixou os sacerdotes. Asssim como os pais são instrumentos de Deus para transmitir a vida a seus filhos, e assim como os médicos são instrumentos para resgatar nossa saude física. Os padres são instrumentos do perdão de Deus. Parabéns padre.

Anônimo disse...

Se reconciliar com Deus e depois encontrar Jesus na eucaristia, só nós católicos para ter tamanha graça. Mais graça ainda ter esse Padre abençoado para fazer blog, um meio de trazer a palavra de Deus mais perto de nós. Padre parabéns.

Anônimo disse...

COMO É MARAVILHOSO LER SUAS PALAVRAS TÃO SÁBIAS PADRE AURELIANO. SABEDORIA QUE DE DEUS.
E COMO SERIA BOM SE TODOS ENTENDESSEM O SIGNIFICADO DO SACRAMENTO DA RECONCILIAÇÃO...É MOMENTO DE GRAÇA, E SUAS PALAVRAS REFORÇAM ISSO.
OBRIGADA!

Anônimo disse...

Padre Aureliano obrigada por este blog que é uma ferramenta que nos ajudas a entender os asuntos mais complexos da igreja. Bonito texto Parabéns.