Queridos familiares e amigos, distintas autoridades aqui presentes, professores,
educadores, meus irmãos no sacerdócio que concelebram esta santa missa, diletos
irmãos e irmãs!
Com pesar e confiança, estamos reunidos nesta celebração da Páscoa
definitiva de nossa querida irmã Dona Assunção Gonçalves.
Inicialmente
recordamos o sentido de celebrar o sétimo dia. Foram sete os dias precisos para
que Deus considerasse finda a obra amorosa da criação do mundo. De fato, a
criação não estava completa ao sexto dia, quando Deus criou o gênero humano,
pois, na verdade a criação encontra a sua finalidade ao sétimo dia, com a
glorificação de Deus.
Irmãos
e irmãs! Não é neste mundo que reside o sentido mais profundo de nossa vida. A
criação de Deus, só pode encontrar a sua referência final em Deus. É na glória
d’Ele, o Pai que tendo amado tanto o mundo enviou o seu filho unigênito, que
todos os projetos e todos os sonhos se realizam plenamente.
A
morte não é uma realidade de desesperança, mas é um impulso final em direção a
Deus. É a porta misteriosa pela qual todos passaremos rumo àquela luz
inacessível onde habita Deus. É a morte, um breve episódio para que possamos
encontrar a certeza da vida eterna, almejada por todos nós e assegurada pelo
nosso Deus. Apeguemo-nos às palavras de Santo Agostinho, que diz: “Minha alma não está em paz enquanto não Vos
encontra Ó Deus!”.
Olhando com outros olhos, caros irmãos e irmãs, a reflexão que esta
celebração nos apresenta é a reflexão acerca da esperança. Somos chamados à
esperança. Nossa fé cotidianamente nos convida a uma esperança que não aliena.
Não estamos nos referindo a qualquer esperança, mas à esperança em Deus. A
espera do Reino de Deus de forma definitiva, em plenitude.
Só precisamos rezar e aguardar a vida eterna. Caminhamos em busca de
mais vida. É esta esperança que nos invade quando hoje fazemos memória de nossa
irmã, Dona Assunção Gonçalves. Uma criatura de Deus repleta de dons. Dons que
ela não guardava unicamente para si, pois sabia o sentido da partilha,
compartilhando seus talentos e virtudes com todas as pessoas que, assim como
ela, souberam e sabem o que é ter um coração bom.
Irmãos e irmãs caríssimos, ouvimos a pouco no santo evangelho: “Vinde, benditos de meu
Pai! Recebei como herança o Reino que meu Pai vos preparou desde a criação do
mundo!”. A nossa fé nos assegura
que Deus chamou Dona Assunção para a eternidade, pois ela era uma mulher
bendita, fiel e temente a Deus.
Como
filha de Maria aqui mesmo nesta Paróquia, uma competente e brilhante artista
plástica, educadora, mulher solidária e de inúmeras qualidades, uma pessoa que
no passado também foi muito próxima ao querido Padre Cícero, soube carregar
consigo tantos e bons adjetivos, e, como consequência, soube ser uma feliz
resposta da boa notícia de Deus. Não há dúvidas de que as afirmações que
escutamos com o evangelho desta santa eucaristia encontraram morada na pessoa
de Dona Assunção Gonçalves.
A este
respeito, recordemos as palavras de São Paulo aos Romanos, durante a primeira
leitura para nós proclamada nesta liturgia: “Ninguém
dentre nós vive para si mesmo ou morre para si mesmo. Se estamos vivos, é para
o Senhor que vivemos; se morremos, é para o Senhor que morremos. Portanto,
vivos ou mortos, pertencemos ao Senhor”. Dona Assunção Gonçalves, em sua
vida quase centenária, nunca
viveu unicamente para si. Suas palavras e exemplos, suas atitudes nos mais
diversos de seus afazeres sempre retrataram a certeza de que a sua vida era de
Deus e sendo de Deus, era colocada a disposição de quem precisasse.
Diletos irmãos e irmãs! Recorrendo aos dotes artísticos de Dona
Assunção, diante de tantas de suas obras, assim como ela registrou para os
anais de nossa história, a famosa e propagada imagem do Juazeiro antigo, hoje,
Juazeiro registra em sua história a sua prestigiosa colaboração como cidadã que
passou a vida contribuindo para o progresso e desenvolvimento de nossa terra e
de nossa gente.
A nós, sobretudo aos seus familiares e amigos, fica a lembrança muito
forte de seu testemunho de vida. Sua memória nunca será deixada de lado, pois
os seus frutos sempre acompanharão a história de nossa querida Juazeiro do
Norte. É incontestável a larga contribuição que Dona Assunção Gonçalves deixou
na arte, na educação, na igreja e na própria história da nossa Juazeiro.
Resta-nos ainda apresentar a Deus uma prece: se, aqui na terra, no tempo
e no espaço ainda somos morosos demais para autenticar a nossa fé com os sinais
de santidade do nosso querido padrinho Padre Cícero Romão Batista, que ela,
Dona Assunção Gonçalves, mulher guerreira, defensora dos romeiros e das nossas
romarias, esteja agora no céu, com as cores da eterna vida, colorindo um bonito
resplendor num chapéu de palha também bonito, para enfeitar a cabeça do nosso
padrinho e patriarca, uma vez que a auréola da santidade que lhe falta aqui já
se encontra pertinho de Deus. Eis a forte inspiração que tanto Dona Assunção Gonçalves
almejou nesta vida, agora ela a encontra em profusão ao lado de Deus.
Antes, Dona Assunção Gonçalves era apenas uma guardiã da história do
Juazeiro e da luta pela reabilitação do Padre Cícero. Hoje, nossa fé nos leva a
crer que, lá no céu, o seu ideal de vida intercede por nós, pelo progresso de
Juazeiro e pela felicidade dos seus familiares e amigos.
Na oração que antecede a oração eucarística desta santa missa, ouviremos
que “para aqueles que creem a vida não é
tirada, mas transformada e desfeito o nosso corpo mortal, nos é dado um corpo
imperecível”. Que a vida imperecível de Dona Assunção Gonçalves,
inteiramente transformada, seja acolhida em sua nova morada, a morada celeste,
com a presença amiga do Monsenhor Murilo, da Ir. Ana Teresa, do querido Padre
Cícero e de tantos outros que fizeram parte de sua vida aqui neste mundo, em
seu Juazeiro que era o seu universo.
Para a “Nega”, como ela era conhecida pelos mais íntimos, ficam ainda
outras oportunas palavras de São Paulo, também aos Romanos e hoje a nós: “todas as coisas concorrem para o bem
daqueles que amam a Deus, daqueles que são os seus eleitos, segundo os seus
desígnios”. Em meio a esta verdade de fé, suplicamos: Dona Assunção
Gonçalves, descanse em paz!
Não temos o seu talento, tampouco o mesmo pincel
e tino para a arte, no entanto, mesmo assim ficaremos a pintar em nossos
corações a grata lembrança de sua vida inteira neste mundo. Que Nossa Senhora
das Dores, sua carinhosa auxiliadora junto de Deus e do Padre Cícero, continue
a rogar a Deus por nós, amém!
2 comentários:
PADRE AURELIANO ESTAMOS COM SAUDADE DAS SUAS MENSAGENS QUE SÃO SEMPRE UM GRANDE INCENTIVO.
PADRE AURELIANO, NÃO TEM POSTADO MAIS MENSAGENS. O QUE HOUVE? ESTAMOS SENTINDO FALTA DA SUA CATEQUESE AQUI.
VOLTE POR FAVOR.
Postar um comentário