domingo, 26 de maio de 2013

Minha homilia na missa de 7º dia de D. Assunção Gonçalves



Queridos familiares e amigos, distintas autoridades aqui presentes, professores, educadores, meus irmãos no sacerdócio que concelebram esta santa missa, diletos irmãos e irmãs!
Com pesar e confiança, estamos reunidos nesta celebração da Páscoa definitiva de nossa querida irmã Dona Assunção Gonçalves.
Inicialmente recordamos o sentido de celebrar o sétimo dia. Foram sete os dias precisos para que Deus considerasse finda a obra amorosa da criação do mundo. De fato, a criação não estava completa ao sexto dia, quando Deus criou o gênero humano, pois, na verdade a criação encontra a sua finalidade ao sétimo dia, com a glorificação de Deus.
Irmãos e irmãs! Não é neste mundo que reside o sentido mais profundo de nossa vida. A criação de Deus, só pode encontrar a sua referência final em Deus. É na glória d’Ele, o Pai que tendo amado tanto o mundo enviou o seu filho unigênito, que todos os projetos e todos os sonhos se realizam plenamente.
A morte não é uma realidade de desesperança, mas é um impulso final em direção a Deus. É a porta misteriosa pela qual todos passaremos rumo àquela luz inacessível onde habita Deus. É a morte, um breve episódio para que possamos encontrar a certeza da vida eterna, almejada por todos nós e assegurada pelo nosso Deus. Apeguemo-nos às palavras de Santo Agostinho, que diz: “Minha alma não está em paz enquanto não Vos encontra Ó Deus!”.
Olhando com outros olhos, caros irmãos e irmãs, a reflexão que esta celebração nos apresenta é a reflexão acerca da esperança. Somos chamados à esperança. Nossa fé cotidianamente nos convida a uma esperança que não aliena. Não estamos nos referindo a qualquer esperança, mas à esperança em Deus. A espera do Reino de Deus de forma definitiva, em plenitude.
Só precisamos rezar e aguardar a vida eterna. Caminhamos em busca de mais vida. É esta esperança que nos invade quando hoje fazemos memória de nossa irmã, Dona Assunção Gonçalves. Uma criatura de Deus repleta de dons. Dons que ela não guardava unicamente para si, pois sabia o sentido da partilha, compartilhando seus talentos e virtudes com todas as pessoas que, assim como ela, souberam e sabem o que é ter um coração bom.
Irmãos e irmãs caríssimos, ouvimos a pouco no santo evangelho: “Vinde, benditos de meu Pai! Recebei como herança o Reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo!”. A nossa fé nos assegura que Deus chamou Dona Assunção para a eternidade, pois ela era uma mulher bendita, fiel e temente a Deus.
Como filha de Maria aqui mesmo nesta Paróquia, uma competente e brilhante artista plástica, educadora, mulher solidária e de inúmeras qualidades, uma pessoa que no passado também foi muito próxima ao querido Padre Cícero, soube carregar consigo tantos e bons adjetivos, e, como consequência, soube ser uma feliz resposta da boa notícia de Deus. Não há dúvidas de que as afirmações que escutamos com o evangelho desta santa eucaristia encontraram morada na pessoa de Dona Assunção Gonçalves.
A este respeito, recordemos as palavras de São Paulo aos Romanos, durante a primeira leitura para nós proclamada nesta liturgia: “Ninguém dentre nós vive para si mesmo ou morre para si mesmo. Se estamos vivos, é para o Senhor que vivemos; se morremos, é para o Senhor que morremos. Portanto, vivos ou mortos, pertencemos ao Senhor”. Dona Assunção Gonçalves, em sua vida quase centenária, nunca viveu unicamente para si. Suas palavras e exemplos, suas atitudes nos mais diversos de seus afazeres sempre retrataram a certeza de que a sua vida era de Deus e sendo de Deus, era colocada a disposição de quem precisasse.
Diletos irmãos e irmãs! Recorrendo aos dotes artísticos de Dona Assunção, diante de tantas de suas obras, assim como ela registrou para os anais de nossa história, a famosa e propagada imagem do Juazeiro antigo, hoje, Juazeiro registra em sua história a sua prestigiosa colaboração como cidadã que passou a vida contribuindo para o progresso e desenvolvimento de nossa terra e de nossa gente.
A nós, sobretudo aos seus familiares e amigos, fica a lembrança muito forte de seu testemunho de vida. Sua memória nunca será deixada de lado, pois os seus frutos sempre acompanharão a história de nossa querida Juazeiro do Norte. É incontestável a larga contribuição que Dona Assunção Gonçalves deixou na arte, na educação, na igreja e na própria história da nossa Juazeiro.
Resta-nos ainda apresentar a Deus uma prece: se, aqui na terra, no tempo e no espaço ainda somos morosos demais para autenticar a nossa fé com os sinais de santidade do nosso querido padrinho Padre Cícero Romão Batista, que ela, Dona Assunção Gonçalves, mulher guerreira, defensora dos romeiros e das nossas romarias, esteja agora no céu, com as cores da eterna vida, colorindo um bonito resplendor num chapéu de palha também bonito, para enfeitar a cabeça do nosso padrinho e patriarca, uma vez que a auréola da santidade que lhe falta aqui já se encontra pertinho de Deus. Eis a forte inspiração que tanto Dona Assunção Gonçalves almejou nesta vida, agora ela a encontra em profusão ao lado de Deus.
Antes, Dona Assunção Gonçalves era apenas uma guardiã da história do Juazeiro e da luta pela reabilitação do Padre Cícero. Hoje, nossa fé nos leva a crer que, lá no céu, o seu ideal de vida intercede por nós, pelo progresso de Juazeiro e pela felicidade dos seus familiares e amigos.
Na oração que antecede a oração eucarística desta santa missa, ouviremos que “para aqueles que creem a vida não é tirada, mas transformada e desfeito o nosso corpo mortal, nos é dado um corpo imperecível”. Que a vida imperecível de Dona Assunção Gonçalves, inteiramente transformada, seja acolhida em sua nova morada, a morada celeste, com a presença amiga do Monsenhor Murilo, da Ir. Ana Teresa, do querido Padre Cícero e de tantos outros que fizeram parte de sua vida aqui neste mundo, em seu Juazeiro que era o seu universo.
Para a “Nega”, como ela era conhecida pelos mais íntimos, ficam ainda outras oportunas palavras de São Paulo, também aos Romanos e hoje a nós: “todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são os seus eleitos, segundo os seus desígnios”. Em meio a esta verdade de fé, suplicamos: Dona Assunção Gonçalves, descanse em paz! 
Não temos o seu talento, tampouco o mesmo pincel e tino para a arte, no entanto, mesmo assim ficaremos a pintar em nossos corações a grata lembrança de sua vida inteira neste mundo. Que Nossa Senhora das Dores, sua carinhosa auxiliadora junto de Deus e do Padre Cícero, continue a rogar a Deus por nós, amém!

2 comentários:

Anônimo disse...

PADRE AURELIANO ESTAMOS COM SAUDADE DAS SUAS MENSAGENS QUE SÃO SEMPRE UM GRANDE INCENTIVO.

Anônimo disse...

PADRE AURELIANO, NÃO TEM POSTADO MAIS MENSAGENS. O QUE HOUVE? ESTAMOS SENTINDO FALTA DA SUA CATEQUESE AQUI.
VOLTE POR FAVOR.