QUINTA-FEIRA DA 19ª SEMANA DO TEMPO COMUM (ANO PAR): “Quantas vezes devo perdoar se meu irmão pecar contra mim?” (Mt 18,21-19,1).
Diante de uma atitude imprudente, de uma imensa
falta de justiça, há limites para o perdão? Muitas vezes nos deparamos com
situações de morte e violência, sobretudo na mídia, onde as pessoas mais
atingidas respondem em forma de coro: “queremos que se faça justiça!”. Mas o
que entendemos por justiça? Muitas vezes tal pedido de justiça está mais
associado a sentimentos de ódio ou vingança. Confrontando esta triste realidade
que impera no coração do ser humano, o evangelho de hoje nos apresenta uma
indagação bastante inquietante: “quantas vezes devo perdoar?”. É Pedro o autor da pergunta
dirigida a Jesus. Vejamos que, ao perguntar, ele mesmo sugere uma
resposta: “sete vezes?”. E
diz Jesus: “Não te digo até sete
vezes, mas até setenta vezes sete”. O número 7 na bíblia tem um
significado bastante especial, pois é sinal de plenitude. No costume judaico,
quando uma pessoa havia cometido alguma falta para com o seu semelhante, deveria
reconhecer o seu erro e pedir desculpas à pessoa ofendida. Esta, por sua vez,
teria a obrigação de aceitar o pedido de desculpas. Mas tal atitude só poderia
ocorrer até, no máximo, 3 vezes. Era inconcebível querer reparar o mesmo erro
diversas vezes. Contudo, nem sempre foi assim. A bíblia nos narra outros
episódios onde o rancor e a amargura falavam mais forte. No Antigo Testamento,
sentimentos de perda e morte necessitavam ser reparados muitas vezes por meio
de vingança. Havia também a famosa “lei do talião”: “olho por olho e
dente por dente...”. AINDA QUE ESTEJAMOS AGINDO COMO O POVO REBELDE DA
ANTIGA ALIANÇA, QUE SOFREU AMARGAMENTE AS CONSEQUÊNCIAS DE SEUS ERROS, VIVENDO
EXILADO, LONGE DE SUAS RAÍZES, DEUS SABERÁ NOS ACOLHER E NOS MOSTRAR, NO TEMPO CERTO,
O QUE DEVEMOS FAZER PARA ALCANÇARMOS, NO PERDÃO, A SAÍDA DE NOSSAS VIDAS (1ª leitura – Ez 12,1-12). É isto
que Jesus nos ajudou a enxergar. É NA TOTALIDADE DE NOSSAS VIDAS QUE O PERDÃO
SE FAZ NECESSÁRIO. Que o Senhor “bondoso, compassivo e carinhoso” nos ilumine e
nos apresente as atitudes mais acertadas para bem vivermos as nossas relações.
Padre Aureliano Gondim. #GotasQueEdificam
Nenhum comentário:
Postar um comentário