Convido
os irmãos a refletirem comigo a mensagem mais que oportuna do evangelho de
hoje. Jesus, ao ser perguntado acerca de qual seria o primeiro mandamento, faz
menção ao livro do Deuteronômio: “Ouve, Israel! O Senhor nosso Deus é o único
Senhor” (Dt 6,4). É interessante observarmos o verbo OUVIR. Isto por um motivo
muito óbvio: somos iniciados na fé através da escuta. Os nossos pais, desde a
nossa tenra idade, nos educam para o amor, respeito e prudência diante das
coisas de Deus, ou seja, daquilo que nos remete ao sagrado. Quando vamos à
escola, é pelos ouvidos que aprendemos a estudar, a ser dignos cidadãos. Partilho
estas colocações com todos, pois estamos diante de um diálogo muito eloquente e
oportuno. Se ontem ouvíamos o evangelho de Lucas apresentando discussões,
envolvendo autoridades da lei que se dirigiam a Jesus como representante do
mal, hoje, faz bem aos nossos ouvidos poder observar um diálogo bonito e maduro.
Um mestre da Lei, reconhecendo a autoridade de Jesus, por meio de suas palavras
e atitudes, quer saber d’Ele qual o maior mandamento. A resposta penetra o seu
coração através de doces palavras: “Amarás
o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu
entendimento e com toda a tua força! O segundo mandamento é: Amarás o teu
próximo como a ti mesmo! Não existe outro mandamento maior do que estes”
(Mc 12,30-31). Caros amigos, a quaresma é tempo de escuta. Um feliz momento do
ano para que nós possamos usufruir mais dos nossos ouvidos e silenciar mais as
nossas palavras, ou seja, ouvir mais para utilizarmos da prudência e do real
discernimento. Aquele mestre da Lei soube reconhecer e se deleitar com a
resposta de Jesus, ao ponto dele mesmo afirmar: “Amá-lo de todo o coração, de
toda a mente, e com toda a força, e amar o próximo como a si mesmo é melhor do
que todos os holocaustos e sacrifícios” (Mc 12,33). Foi por isto que iniciei
estas palavras falando da preciosidade que nos vem através do saber ouvir.
Ouçamos o que Deus nos diz, mesmo sendo por meio do silêncio, pois quando
experimentamos o silêncio de Deus, somos provocados a ouvi-lo através do nosso
próximo. Afinal, somos todos imagem e semelhança d’Ele. “Deus é amor” (1Jo 4,8).
Manifestemos este amor com todas as forças do nosso ser: com a nossa família,
com o nosso trabalho, com as nossas orações... com todas as nossas atitudes. Se
nesta quaresma sentirmos que estamos deixando-nos modelar pelo amor verdadeiro
que vem de Deus, Jesus também nos dirá: “Tu não estás longe do Reino de Deus”
(Mc 12,34). Ouçamos o que Deus tem a nos dizer, sobretudo por meio daqueles que
partilham do mesmo dom que Ele nos deu: a vida. Abraços a todos!
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