sábado, 9 de março de 2013

“E colocou um anel em seu dedo” (Lc 15, 22).



A liturgia deste domingo da alegria (4º domingo quaresmal) é um convite à RECONCILIAÇÃO. As leituras bíblicas nos mostram os caminhos de como esta reconciliação se dá.
O evangelho é uma das passagens mais conhecidas por todos. A parábola do Filho Pródigo (Lc 15,1-3.11-32) na verdade nos traduz a certeza do Pai que é infinitamente misericordioso. Todas as vezes que o nosso coração e a nossa consciência nos fizerem ir ao encontro do sacramento da reconciliação (confissão), não poderíamos deixar de meditar este precioso conselho evangélico, pois assim como o amor do Pai se manifesta dando uma casa paterna ao filho arrependido, Deus nos acolhe mais uma vez e nos convida a apreciar o seu amor misericordioso e benevolente.
Esta bela passagem do evangelho nos remete a uma valorosa sintonia com o contexto quaresmal que estamos inseridos. O Pai na parábola é Deus que é Pai e misericórdia em profusão. Os filhos somos nós! Em meio às nossas atitudes de orgulho e de desprezo, afastamo-nos do nosso Pai, da nossa família e da nossa comunidade. Isolamo-nos achando que é o melhor a ser feito. Damos vasão ao nosso egoísmo. Uma liberdade distante do seu verdadeiro sentido.
       Mas a vida sempre nos ensina a grande lição. Quando o que é efêmero e inconstante chega ao fim, a nossa essência nos cobra algo que realmente preencha o profundo vazio que paulatinamente toma conta de nós. Foi este sentimento que tomou conta do jovem e imaturo personagem do evangelho. A fome que o jovem experimentou quando cessaram todas as suas riquezas, é exatamente a fome de Deus que tem o nosso ser.
O filho mais velho também é semelhante a nós. Muitas vezes obediente e trabalhador. Zeloso para com os seus deveres cotidianos, mas não soube ser um bom irmão. Não soube ser forte para acolher o irmão que sempre foi fraco.
É por este motivo que o tema central de hoje é a reconciliação. Reconciliação com a nossa consciência que sempre nos acusa quando fazemos algo errado, reconciliação com aqueles que nos distanciamos em meio às agruras da vida, reconciliação com Deus que, assim como o Pai da história, não se cansa de esperar por este momento.
O amor de Deus Pai se manifesta a todo momento. É o que nos diz hoje a leitura de Josué (Js 5,9a.10-12). Diante de tantas coisas desagradáveis que fizeram os hebreus no percurso de seus dias no deserto, Deus lhes confia a certeza da terra prometida. Não mais comeram do maná, mas os frutos da terra de Canaã.
Reconciliação sempre! Somos pequenos, fracos e limitados demais. Se não estivermos constantemente certos disso, o orgulho tomará conta de nós e não nos deixará perceber que sem Deus não saberemos viver. A iniciativa da verdadeira reconciliação é sempre de Deus por meio de Cristo reconciliador. É São Paulo hoje a nos afirmar isto: Se alguém está em Cristo, é uma criatura nova. O mundo velho desapareceu. Tudo agora é novo. E tudo vem de Deus, que, por Cristo, nos reconciliou consigo e nos confiou o ministério da reconciliação” (2Cor 5, 7.18).
A Quaresma é este tempo de retificar os caminhos e nos reconciliar com Deus. O Povo do Antigo Testamento caminhou pelo deserto, buscou a liberdade e, no final, chegou à terra prometida. Nela celebrou a Páscoa. E nós, novo povo de Deus, que Páscoa, que terra, que libertação procuramos? Sejamos os filhos que querem deixar de ser pródigos para serem amados por Deus.
Celebremos a vida em sua real inteireza. Assim a nossa celebração será sempre um verdadeiro banquete para celebrar na alegria à volta ao Pai e à comunidade dos filhos que estavam perdidos. É por este motivo que a Igreja hoje diz que este domingo é domingo de alegria. Voltemos à vida pela bondade de Deus e pela acolhida aos irmãos. Aceitemos dele um novo anel. Anel de aliança e de compromisso. Anel de fidelidade. É vida nova que nos chega por meio do amor e da reconciliação!

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