Dialogar
é dom de Deus. Somos seres do diálogo. Cotidianamente somos impelidos a assumir
esta dádiva sagrada, através dos diversos relacionamentos com aqueles que fazem
parte de nossas vidas.
Diante do comportamento que a fé exige
de nós, com os valores éticos, morais e cristãos, necessitamos de coerência e
de discernimento sempre, a fim de que o nosso discurso esteja intimamente
relacionado às nossas atitudes.
Busquemos entender melhor com as
palavras do próprio Jesus. É Ele quem afirma: “Nem todo aquele que me diz
‘Senhor, Senhor’ entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que pratica a
vontade de meu Pai que está nos céus” (cf. Mt 7,21). Tiago, em sua carta, também
diz: “Mostra-me a tua fé sem as obras e eu te mostrarei a fé pelas minhas
obras” (cf. Tg 2,18).
Apresento estas afirmações para podermos
compreender como é preciso encontrar os meios necessários a fim de alcançar um
notável equilíbrio entre as nossas palavras e ações.
Para nós cristãos, este equilíbrio ocorre através da oração.
Só saberemos dialogar verdadeiramente com as pessoas, com os nossos familiares
e irmãos de caminhada, se estivermos aptos a desenvolver um frutuoso diálogo
com Deus. É Ele quem nos garante o suporte necessário para o bom êxito de nossas
relações.
Porém, a oração é um exercício que requer disciplina,
perseverança e muita dedicação. É ela que nos apresentará as condições mais
acertadas para vivermos em harmonia, sempre escolhendo a melhor parte (cf. Lc
10,42), aquilo que irá qualificar toda a nossa vida.
Embora seja a oração algo essencial, infelizmente nem todos descobrem
as disposições mais precisas para bem rezar. Por mais que se saiba da
relevância que há na oração, muitos de nós não conseguimos fazer dela um frutuoso exercício cotidiano.
Contudo,
é no âmbito familiar que esta grande experiência poderá tornar-se cada vez mais
perspicaz. Observemos as palavras do saudoso Papa João Paulo II, na sua carta
de exortação sobre a União da Família:
“A oração familiar tem como conteúdo original a própria vida de família,
que em todas as suas diversas fases é interpretada como vocação de Deus e atuada
como resposta filial ao Seu apelo. (...) A dignidade e a responsabilidade da
família cristã como Igreja doméstica só podem, pois ser vividas com a ajuda
incessante de Deus, que não faltará, se implorada com humildade e confiança na
oração” (cf. Familiaris Consortio, nº 59).
Estas
sábias palavras enobrecem o nosso entendimento acerca da importância da oração,
sobretudo quando assumida dentro da vida familiar. Se tivermos a graça de encontrar
dentro de nossas casas, o conforto para a vivência de nossa fé, certamente
seremos homens e mulheres de maior equilíbrio, sobretudo quando nos deparamos
com uma sociedade tão conturbada, cercada de falsos valores que somente fazem
crescer os distúrbios e as mazelas que nos afastam de Deus.
Os
discípulos de Jesus sentiram uma enorme vontade de rezar. Queriam dialogar com
Deus, abrir os seus corações diante d’Aquele que sempre foi a certeza de suas
vidas. A partir deste instante, Jesus lhes ensinou a oração do Pai Nosso (cf.
Lc 11,1-4).
Com
este exemplo, Jesus nos ensina também que a oração é sempre uma experiência
assumida e vivida em comunidade. Mesmo rezando sozinhos, estamos unidos aos
irmãos, em sintonia com toda a Igreja.
O
Papa João Paulo II, nesta carta que aqui já mencionamos, chama a família de “Igreja
doméstica”. Portanto, na igreja que é o nosso lar, somos movidos a admitir que
a oração nos edifica, nos enobrece, nos permite viver conforme os desígnios de
Deus.
Rezando
em família, saberemos partilhar as nossas alegrias, as nossas dificuldades, os
nossos valores e as nossas esperanças diante de Deus, da comunidade e de toda a
sociedade.
Façamos
desta experiência uma realidade em nossa família e que as outras famílias
possam exercer este mesmo valor no dia-a-dia de suas vidas, a fim de que o
diálogo seja uma constante e que Deus possa continuar ouvindo o clamor de seus
filhos e filhas, para que toda a nossa casa seja uma extensão do Reino de Deus.
“Quanto a mim e à minha casa, serviremos ao Senhor” (cf. Js 24,15).
2 comentários:
SUAS PALAVRAS SÃO SEMPRE TÃO OPORTUNAS PADRE AURELIANO, CHEIAS DE VERDADE...NOSSAS FAMÍLIAS PRECISAM REZAR MAIS, DÁ ESSE BOM EXEMPLO PARA A SOCIEDADE QUE VIVE MESMO CHEIA DE VALORES TÃO CONTROVERSOS ÀQUILO QUE DEUS NOS ENSINA E QUER QUE APRENDAMOS COM AMOR.
Padre Aureliano,sua benção!!!
Gosto muito e para mim faz toda a diferença acompanhar suas postagens.Obrigada por sempre me deixar melhor do que eu era.! "ABENÇOA SENHOR AS FAMILIAS,AMÉM,ABENÇOA SENHOR A MINHA TAMBEM."
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