sábado, 23 de março de 2013

Orar em família


        Dialogar é dom de Deus. Somos seres do diálogo. Cotidianamente somos impelidos a assumir esta dádiva sagrada, através dos diversos relacionamentos com aqueles que fazem parte de nossas vidas. 
       Diante do comportamento que a fé exige de nós, com os valores éticos, morais e cristãos, necessitamos de coerência e de discernimento sempre, a fim de que o nosso discurso esteja intimamente relacionado às nossas atitudes.
        Busquemos entender melhor com as palavras do próprio Jesus. É Ele quem afirma: “Nem todo aquele que me diz ‘Senhor, Senhor’ entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que pratica a vontade de meu Pai que está nos céus” (cf. Mt 7,21). Tiago, em sua carta, também diz: “Mostra-me a tua fé sem as obras e eu te mostrarei a fé pelas minhas obras” (cf. Tg 2,18).
        Apresento estas afirmações para podermos compreender como é preciso encontrar os meios necessários a fim de alcançar um notável equilíbrio entre as nossas palavras e ações.
Para nós cristãos, este equilíbrio ocorre através da oração. Só saberemos dialogar verdadeiramente com as pessoas, com os nossos familiares e irmãos de caminhada, se estivermos aptos a desenvolver um frutuoso diálogo com Deus. É Ele quem nos garante o suporte necessário para o bom êxito de nossas relações.
Porém, a oração é um exercício que requer disciplina, perseverança e muita dedicação. É ela que nos apresentará as condições mais acertadas para vivermos em harmonia, sempre escolhendo a melhor parte (cf. Lc 10,42), aquilo que irá qualificar toda a nossa vida.
Embora seja a oração algo essencial, infelizmente nem todos descobrem as disposições mais precisas para bem rezar. Por mais que se saiba da relevância que há na oração, muitos de nós não conseguimos fazer dela um frutuoso exercício cotidiano.
Contudo, é no âmbito familiar que esta grande experiência poderá tornar-se cada vez mais perspicaz. Observemos as palavras do saudoso Papa João Paulo II, na sua carta de exortação sobre a União da Família: “A oração familiar tem como conteúdo original a própria vida de família, que em todas as suas diversas fases é interpretada como vocação de Deus e atuada como resposta filial ao Seu apelo. (...) A dignidade e a responsabilidade da família cristã como Igreja doméstica só podem, pois ser vividas com a ajuda incessante de Deus, que não faltará, se implorada com humildade e confiança na oração” (cf. Familiaris Consortio, nº 59).
Estas sábias palavras enobrecem o nosso entendimento acerca da importância da oração, sobretudo quando assumida dentro da vida familiar. Se tivermos a graça de encontrar dentro de nossas casas, o conforto para a vivência de nossa fé, certamente seremos homens e mulheres de maior equilíbrio, sobretudo quando nos deparamos com uma sociedade tão conturbada, cercada de falsos valores que somente fazem crescer os distúrbios e as mazelas que nos afastam de Deus.
Os discípulos de Jesus sentiram uma enorme vontade de rezar. Queriam dialogar com Deus, abrir os seus corações diante d’Aquele que sempre foi a certeza de suas vidas. A partir deste instante, Jesus lhes ensinou a oração do Pai Nosso (cf. Lc 11,1-4).
Com este exemplo, Jesus nos ensina também que a oração é sempre uma experiência assumida e vivida em comunidade. Mesmo rezando sozinhos, estamos unidos aos irmãos, em sintonia com toda a Igreja.
O Papa João Paulo II, nesta carta que aqui já mencionamos, chama a família de “Igreja doméstica”. Portanto, na igreja que é o nosso lar, somos movidos a admitir que a oração nos edifica, nos enobrece, nos permite viver conforme os desígnios de Deus.
Rezando em família, saberemos partilhar as nossas alegrias, as nossas dificuldades, os nossos valores e as nossas esperanças diante de Deus, da comunidade e de toda a sociedade.
      Façamos desta experiência uma realidade em nossa família e que as outras famílias possam exercer este mesmo valor no dia-a-dia de suas vidas, a fim de que o diálogo seja uma constante e que Deus possa continuar ouvindo o clamor de seus filhos e filhas, para que toda a nossa casa seja uma extensão do Reino de Deus. “Quanto a mim e à minha casa, serviremos ao Senhor” (cf. Js 24,15).

2 comentários:

Anônimo disse...

SUAS PALAVRAS SÃO SEMPRE TÃO OPORTUNAS PADRE AURELIANO, CHEIAS DE VERDADE...NOSSAS FAMÍLIAS PRECISAM REZAR MAIS, DÁ ESSE BOM EXEMPLO PARA A SOCIEDADE QUE VIVE MESMO CHEIA DE VALORES TÃO CONTROVERSOS ÀQUILO QUE DEUS NOS ENSINA E QUER QUE APRENDAMOS COM AMOR.

Anônimo disse...

Padre Aureliano,sua benção!!!
Gosto muito e para mim faz toda a diferença acompanhar suas postagens.Obrigada por sempre me deixar melhor do que eu era.! "ABENÇOA SENHOR AS FAMILIAS,AMÉM,ABENÇOA SENHOR A MINHA TAMBEM."