É demasiado agradável aos olhos de nossa fé poder experimentar em nossas
vidas a perfeita e profunda relação existente no mistério da Santíssima
Trindade. O nosso Deus é comunidade. No entanto, ao fitarmos nossos olhares
diante desta realidade, somos logo postos em profunda inquietação. Não uma
inquietação que simplesmente nos motiva a questionar ou a não querer aceitar,
mas uma inquietação que logo nos remete ao sentido verdadeiro de nossas vidas.
Somos tão pequenos e contingentes diante de tão misterioso amor. Vivemos numa
inquietação que nos leva a contemplar.
Na vida íntima de Deus, o Espírito Santo é amor e doação mútua, é nexo
entre o Pai e o Filho. Na relação de Deus com os homens, é também a maior
doação, o maior bem que podemos receber, porque com Ele recebemos o amor e a vida de Deus. Assim nos ensina o saudoso Papa e Beato João Paulo
II: “O Pai ama o Filho e o Filho ama o Pai e a reciprocidade e força desse amor
é a Pessoa do Espírito Santo. Por ser um amor que gera e que acolhe é mais
forte do que a morte. E porque o Pai não deixa nunca de gerar o Filho, a morte
não tem sobre Ele a última palavra e Jesus ressuscita”. (Dominum et
Vivificantem, n. 57).
No evangelho segundo João, percebemos a
íntima relação do Espírito Santo com o Pai e o Filho. No discurso a respeito da
vinda do Espírito, dirigindo-se aos seus discípulos, Jesus nos apresenta pistas
bastante satisfatórias, a fim de que possamos alcançar êxito nesta nossa
reflexão.
Assim diz Jesus: “digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque,
se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, quando eu for, vo-lo
enviarei”.
Estas palavras denotam que o Espírito Santo do qual Jesus faz menção é
mesmo o Espírito do Pai e do Filho. Existe entre eles uma relação íntima e
recíproca. Podemos compreender ainda mais com as palavras de Paulo aos romanos:
“o amor de Deus está derramado em
nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”.
Para que Jesus pudesse manifestar o seu anseio
em confiar aos seus discípulos (e hoje a nós) a experiência pessoal com o
Espírito Santo como aquele que defende, conforta e estabelece, a ação
transformadora que consiste no Espírito Santo, Jesus estabelece um vínculo que
somente no amor e por amor somos capazes de compreender.
Neste mesmo discurso apresentado em João, continuamos a entender a
relação de amor entre as três pessoas divinas. Jesus
volta ao Pai, mas confia-lhes o Espírito Santo: “quando vier aquele, o Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a
verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos
anunciará o que há de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é
meu, e vo-lo há de anunciar”. (Jo 16,13-14).
No máximo grau de manifestação de amor a toda a criação, Deus se encarna
por meio do Espírito Santo. O Pai nos permite viver em seu amor por meio do
Verbo encarnado. Esta permissão divina acontece por meio do Espírito Santo. O
Pai envia o Filho e com o Filho
envia o Espírito Santo. Novamente
nos auxilia João Paulo II: “Quando o Pai envia o seu Verbo, envia sempre o seu Espírito: missão conjunta na qual o Filho e o
Espírito Santo são distintos mas
inseparáveis”.
Neste perfeito sinal de amor-presença do Espírito Santo com o Pai e o
Filho, sinal e vínculo de amor para com toda a criação, observamos presente
também toda a bondade, a santidade e a felicidade neste mundo, que também se
tornam eternas.
Peçamos ao Pai e a Jesus Cristo,
o Espírito Santo. A maneira de fazê-lo é nos apresentarmos de mãos vazias.
Deus, certamente, não deixará de nos atender, “pois se nós, sendo maus, sabemos
dar boas coisas a nossos filhos, quanto mais o nosso Pai celestial dará o
Espírito Santo aos que lho pedirem”. (Lc 11,13). É o amor do Deus Uno e Trino
inserido em nós.
Um comentário:
QUE O ESPIRITO SANTO NOS GUIE SEMPRE NO AMOR E NA DE CRISTO...
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