Convido-o a refletir a bela passagem bíblica que se
encontra no evangelho segundo Marcos (Mc 7,24-30). O encontro de Jesus com a
mulher cananeia, também conhecida como a mulher pagã.
O contexto do evangelho nos chama a atenção. Jesus
não está entre os judeus. Encontra-se em terra pagã. Sabia muito bem que ali
não seria ouvido. Sua missão seria ainda mais árdua. Mas estava lá para
descansar e, talvez, aproveitar alguns momentos de ensinamento com seus
discípulos.
Contudo, eis que surge uma mulher pagã.
Impressiona-nos este episódio. Mulher, na cultura daquele tempo, não era nada.
Não se podia conversar com elas. Dialogar com uma mulher? Quem já viu isso? Era
esta a cultura de antes. Infelizmente, numa sociedade machista, esta cultura
ainda encontra espaço entre nós.
Mas Jesus rompe barreiras, quebra paradigmas,
assume outras situações sempre alicerçadas no verdadeiro amor. Resolve
conversar com a mulher pagã. Certamente percebeu que aquela mulher tinha algo
interessante para fazer com que houvesse um diálogo maduro entre eles.
A mulher não queria nada para ela, mas para a filha
doente. Jesus dá muito valor quem age assim. Quem não busca nada para si, mas
para os outros. Jesus veio para os outros. Despojou-se por amor.
Mas a mulher não era judia. Ele não estava entre os
judeus. Por isso disse àquela senhora: “Deixa primeiro que os filhos fiquem
saciados, porque não está certo tirar o pão dos filhos e jogá-lo aos cachorrinhos”
(Mc 7,27).
Com esta resposta, certamente ela poderia ter ido
embora frustrada. Mas não! Mãe é mãe! Quando o assunto é o filho que sofre, a
mãe teima, esbraveja, persiste... insiste contra tudo e contra todos. Foi o que
ela fez. Buscou argumentos...
E Jesus adora quem sabe argumentar. Quem sabe
realmente elucidar um diálogo sempre pautado pelo amor. E amor desinteressado.
A mulher só queria o bem de sua filha. Nada para ela.
Quando se vive em prol dos outros, quando o nosso
objetivo é vê quem amamos, conquistando a felicidade, a saúde da alma e do
corpo, Deus abençoa esta busca feliz pela vida. Deus, que é Pai, iluminou
aquela mulher com palavras sábias. Depois de ter ouvido Jesus, disse a mãe
sofrida: “É verdade, SENHOR; mas também os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem
as migalhas que as crianças deixam cair” (Mc 7,28).
Quanta sabedoria! Somente
alguém que vive um amor desinteressado, seria movida a dizer palavras tão
sábias. Ela não queria nada para ela, mas para a filha. E ela soube reconhecer
em Jesus a presença de Deus. Por isso falou: “É verdade, SENHOR...”.
Na bíblia, a palavra SENHOR, é dirigida apenas a DEUS. A mulher reconheceu a
divindade de Jesus. E sabia ela que as migalhas que Ele poderia oferecê-la,
seriam suficientes para deixá-la transbordando de amor. Ela só pedia pensando
na filha. Nada para ela!
E Jesus se deixou tocar por
aquele testemunho. Certamente Ele pensou: “MAS ESPERA AÍ! QUEM É O CHEIO DE AMOR AQUI,
EU OU ELA?”. E novamente, o todo cheio de amor, se esvaziou com aquele
testemunho de uma mãe que só vive para seus filhos.
Esta mulher, também pode
nos ensinar muito sobre Nossa Senhora em nós. Maria, sempre pensou em seu Filho
e, pensando n’Ele, pensava em nós. Ela não queria nada para ela. Contentava-se
com as migalhas do amor, pois era o amor de Deus que, mesmo sendo pouco, chega
sempre na medida certa.
Aprendamos com
esta mulher que pede e pede para os outros. Aprendamos com Maria que pede e
pede para nós! Mesmo sendo migalhas, peçamos que o nosso compromisso esteja
sempre voltado aos irmãos que Deus coloca à nossa frente.
Um comentário:
É O AMOR SEM MEDIDA...AMOR DE DEUS POR NÓS POBRES MORTAIS...MORTAIS E TÃO AMADOS PELO SENHOR...UM GRÃOZINHO DO AMOR DO SENHOR NOS É SUFICIENTE PARA VIVERMOS...E ELE SEMPRE NOS DÁ TUDO.
ESSA SUA REFLEXÃO É DE MUITA SABEDORIA.
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