Neste contexto de Páscoa, “transbordando de alegria pascal”, a liturgia
deste domingo enfoca a dimensão bonita e contagiante do Cristo, O BOM PASTOR. A providência divina, que
nada deixa faltar (Sl 22 – salmo de hoje), favorece-nos a entender este bom
Pastor no contexto de nossas mães.
O Pastor é bom não porque é uma pessoa pacífica e tranquila, mas porque
dá a vida por suas ovelhas. Mãe que é mãe também traz, em sua essência, o
sentido de se doar inteiramente aos seus filhos. Daí se percebe que mãe entende
bem quanto é exigente ser pastor de ovelhas.
Só conseguimos entender a necessidade de celebrarmos a certeza da
ressurreição, hoje, por acreditarmos, à luz da fé, que Jesus é o Pastor que “dá
a vida por suas ovelhas” (Jo 10,11). Ele enobrece o ser humano desde o momento
em que se fez homem como nós. Sabe ser dócil, sem deixar de exercer a
autoridade que lhe é devida. Consegue assumir atitudes de ternura e de compaixão,
sem jamais se esquivar do seu compromisso e de sua postura de Filho de Deus a
nos encaminhar ao sentido mais pleno e profundo de nosso existir perante a
bondade que nos vem do alto.
As ovelhas escutam e obedecem ao Pastor não porque ele constrói uma casa
próxima ao curral das ovelhas, mas porque mora com elas e dá a vida por elas. Faz
bem e nos encanta reconhecermos que o nosso
Pastor por excelência é Cristo. A humanidade é um rebanho de ovelhas que Ele
as conhece, chama-as pelo nome, caminha com elas e estas o seguem. Elas escutam
a sua voz, porque sabem que as conduz com segurança.
Infelizmente, com o mundo que experimenta uma forte crise de identidade,
confiança e segurança são virtudes atribuídas a poucos. Precisamos ponderar
bem, a fim de reconhecer a “voz” do Pastor, para que possamos experimentar a
sua agradável presença entre nós.
Jesus, sendo o bom Pastor, Ele é também a porta. Porta porque é a
entrada que nos apresenta a morada das ovelhas. Tem o controle da situação.
Conhece bem! Sabe quem realmente adentra o recinto diante das demais ovelhas. Jesus
é a única via de acesso para que as ovelhas possam encontrar as pastagens que
dão vida. Foi Ele também quem disse ser o “caminho” (Jo 14). Jesus é a porta
porque encaminha, acolhe, orienta, apresenta, oferece e aponta o caminho. As
nossas mães também nos encaminham e se fazem porta para nossas vidas.
Porta-voz, porto-seguro... portadoras de amor e de esperança.
Outra característica fundante no Pastor é ser referência. Atualmente são
muitos os contra valores que seduzem, afirmando serem modelos, referências e
sinais de uma vida confortável e salutar. Olhar para Jesus e reconhecê-lo como
o bom Pastor de nossas vidas é termos a certeza que jamais conseguiremos viver
sem a figura de alguém que exerça em nós atitudes de autoridade. Aqueles que
nos façam encontrar um norte, numa atitude de serviço contínuo e gratuito. Como
exemplo, novamente entendemos bem o papel das nossas mães.
Este serviço de quem assume o papel de nos encaminhar para o bem nos é apresentado
pelas duas leituras de hoje a respeito da missão de São Pedro e suas atitudes
de Pastor (At 2,14.36-41 e 1Pd 2,20-25).
Com a 1ª leitura, encontramos um Pedro, que é pescador de homens, convertendo
multidões, aprendendo a ser de Deus em Jesus. Já na 2ª leitura, o Pedro está mais
maduro na fé. É o apóstolo a manter firme a conversão do povo. Em ambas as
leituras, São Pedro explica como entrar pela porta, deixando-se seduzir pela
voz do Pastor (conversão e batismo). É como a mãe que vai nos endireitando
nesta vida. Discípula e ovelha do Pastor, sabe ser mestra e também serva de
Deus entre nós.
Como reconhecer tanta maturidade em Pedro que outrora era uma simples
ovelha e agora se faz pastor? Simplesmente porque ele soube entender que só
Jesus garantiria sustento ao seu viver. É o que ainda nos relata o evangelho
deste domingo: “eu vim para que todos
tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). O Pastor que é bom de
verdade promete vida e a cumpre em abundância. A Páscoa é esta abundância
definitiva. Ela só ocorrerá em nós quando estivermos aptos a carregar a nossa
cruz, pois o Pastor dá a vida pelas ovelhas (Jo 10,11).
Novamente é oportuno alertar para o cuidado com as “abundâncias” que
esta vida nos oferece. As mães, as famílias como um todo, sofrem demasiadamente
com isso ao verem seus filhos optando pela abundância desta vida e,
consequentemente, afastando-se daquilo que realmente lhes trará sentido verdadeiro.
Às mães que devem encontrar em Jesus a referência para lutarem por suas
ovelhas (filhos... família), é importante olhar também para Nossa Senhora, a
mãe de todas as mães. Ela é também caminho seguro, pois nos encaminha a Jesus.
Foi ela quem disse: “fazei o que meu Filho vos disser” (Jo 2,1-5). Maria, mãe
de Deus, soube ouvir a voz do Pastor. Ouviu e respondeu prontamente. Fez-se
serva e por isso merece nosso louvor e nossa admiração.
Que o Deus da vida que se revela na pessoa de
Jesus, o bom Pastor, encha-nos do seu Espírito e nos renove na alegria do seu
amor, que é também amor de mãe, agora e para sempre. Amém!
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