Diante de uma atitude
imprudente, de uma imensa falta de justiça, há limites para o perdão? Hoje são
muitas as vezes que nos deparamos com situações de morte e violência, sobretudo
na mídia, onde as pessoas mais atingidas respondem em forma de coro: “queremos
que se faça justiça!”. Mas o que entendemos por justiça? Muitas vezes tal
pedido de justiça está mais associado a sentimentos de ódio ou vingança. Confrontando
esta triste realidade que impera no coração do ser humano, o evangelho de hoje
nos apresenta uma indagação bastante inquietante: “quantas vezes
devo perdoar?”. É Pedro o autor da pergunta dirigida a Jesus. Vejamos que,
ao perguntar, ele mesmo sugere uma resposta: “sete vezes?”. E diz
Jesus: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete”. O
número 7 na bíblia tem um significado bastante especial, pois é sinal de
plenitude. No costume judaico, quando uma pessoa havia cometido alguma falta
para com o seu semelhante, deveria reconhecer o seu erro e pedir desculpas à
pessoa ofendida. Esta, por sua vez, teria a obrigação de aceitar o pedido de
desculpas. Mas tal atitude só poderia ocorrer até, no máximo, 3 vezes. Era
inconcebível querer reparar o mesmo erro diversas vezes. Contudo, nem sempre
foi assim. A bíblia nos narra outros episódios onde o rancor e a amargura
falavam mais forte. No Antigo Testamento, sentimentos de perda e morte
necessitavam ser reparados muitas vezes por meio de vingança. Havia também a
famosa “lei do talião”: “olho por olho e dente por dente...”. AINDA
QUE ESTEJAMOS AGINDO COMO O POVO REBELDE DA ANTIGA ALIANÇA, QUE SOFREU
AMARGAMENTE AS CONSEQUÊNCIAS DE SEUS ERROS, VIVENDO EXILADO, LONGE DE SUAS
RAÍZES, DEUS SABERÁ NOS ACOLHER E NOS MOSTRAR, NO TEMPO CERTO, O QUE DEVEMOS
FAZER PARA ALCANÇARMOS, NO PERDÃO, A SAÍDA DE NOSSAS VIDAS (1ª leitura – Ez 12,1-12). É isto que Jesus nos ajudou a enxergar. É NA TOTALIDADE DE NOSSAS
VIDAS QUE O PERDÃO SE FAZ NECESSÁRIO. Que o Senhor “bondoso, compassivo e
carinhoso” nos ilumine e nos apresente as atitudes mais acertadas para bem
vivermos as nossas relações.
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