Sb 2, 1a.12-22
Sl 33
João 7,1-2.10.25-30
Neste
tempo de reflexão, de penitência e da busca incessante pela conversão, nós
brasileiros fomos tristemente surpreendidos com mais um episódio de grande violência.
Desta feita, um jovem de apenas 23 anos tira a vida de inúmeras crianças que se
encontravam na escola. O fato ocorrido na manhã de ontem deixou todos bastante
tristes. Diante de tantas crueldades, tantas mortes, acidentes, terremotos,
inundações, tsunamis etc. pode haver quem faça o seguinte questionamento: onde Deus está para permitir tantas agruras
e sofrimentos ao ser humano? Também nos questionemos: será mesmo que Deus está ausente? Aprendemos desde criança que Deus
tudo sabe, tudo pode e tudo vê. Por isso, dói acreditar que Deus se faz omisso
diante de tamanha tragédia como foi a de ontem, vitimando tantas crianças
inocentes. No entanto, existe uma grande certeza. Se diante de tantas ocasiões
de morte e violência experimentamos o silêncio de Deus, não é por Ele ser omisso,
mas é por Ele sofrer também com toda a humanidade. Da mesma forma que Deus
sofreu ao ver o seu Filho morto na cruz, da mesma forma que o nosso Deus
encarnado se fez vítima por todos nós, humilhando-se e dando até a sua última
gota, hoje Ele sofre também quando enxerga no coração humano tanta maldade.
Parece até que o ser humano se animalizou. Recordo com meus amigos aquilo que
ressaltei na reflexão do evangelho de ontem, quando Jesus afirmou aos chefes da
lei que estes não tinham o amor de Deus. No sistema político e social que
violenta a família em todos os seus aspectos, neste não pode habitar o amor de
Deus. Por isto, cenas como as de ontem se tornam realidade. Aqueles que
deveriam proporcionar vida digna a todos, mancham suas honras e nos fazem
padecer como o Cristo na cruz. ”O Reino
de Deus ainda não se realizou por causa dos apóstolos hesitantes e cansados que
desistem quando a coisa fica incômoda e não lhes favorece!” (Padre Zezinho,
scj). Continuamos vivendo a
Quaresma. Assumamos em todas as nossas atitudes gestos capazes de transformar
toda esta realidade que o mundo experimenta. O evangelho de hoje nos apresenta
Jesus sentindo a sua morte se aproximando, ao ponto de começar a andar às
escondidas, mas sem deixar de falar das coisas de seu Pai: “Vós me conheceis e sabeis de onde sou; eu não vim por mim mesmo, mas o
que me enviou é fidedigno. A esse, não o conheceis, mas eu o conheço, porque
venho da parte dele, e ele foi quem me enviou” (Jo 7,28-29). Vejamos que
todos os que vivem para fazer o bem, sempre enfrentarão desafios, até mesmo situações
de violência e morte, pois estarão sempre incomodando àqueles que vivem
lucrando com a desgraça alheia: “Armemos
ciladas ao justo, porque sua presença nos incomoda: ele se opõe ao nosso modo
de agir, repreende em nós as transgressões da lei e nos reprova as faltas
contra a nossa disciplina” (Sb 2,12).
A brutalidade ocorrida no Rio de Janeiro nos incomoda e nos deixa perplexos.
Mas não deixemos de olhar para as nossas famílias que devem prosseguir suas
vidas com fé, esperança e amor. Rezemos pelas almas das criancinhas inocentes
de ontem, por seus familiares e por toda a nossa sociedade que, como nos lembra
a Campanha da Fraternidade deste ano, “geme
em dores de parto” (Rm 8,22). Sem perder a esperança e sem jamais deixar de
acreditar no silêncio de Deus que nos permite contemplá-lo, façamos das
palavras do salmista às nossas: “Clamam
os justos, e o Senhor bondoso escuta e de todas as angústias os liberta” (Sl
33). Abraços a todos!
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