sexta-feira, 8 de abril de 2011

4ª Semana da Quaresma: no silêncio de Deus, podemos contemplá-lo!


Sb 2, 1a.12-22
Sl 33
João 7,1-2.10.25-30

Neste tempo de reflexão, de penitência e da busca incessante pela conversão, nós brasileiros fomos tristemente surpreendidos com mais um episódio de grande violência. Desta feita, um jovem de apenas 23 anos tira a vida de inúmeras crianças que se encontravam na escola. O fato ocorrido na manhã de ontem deixou todos bastante tristes. Diante de tantas crueldades, tantas mortes, acidentes, terremotos, inundações, tsunamis etc. pode haver quem faça o seguinte questionamento: onde Deus está para permitir tantas agruras e sofrimentos ao ser humano? Também nos questionemos: será mesmo que Deus está ausente? Aprendemos desde criança que Deus tudo sabe, tudo pode e tudo vê. Por isso, dói acreditar que Deus se faz omisso diante de tamanha tragédia como foi a de ontem, vitimando tantas crianças inocentes. No entanto, existe uma grande certeza. Se diante de tantas ocasiões de morte e violência experimentamos o silêncio de Deus, não é por Ele ser omisso, mas é por Ele sofrer também com toda a humanidade. Da mesma forma que Deus sofreu ao ver o seu Filho morto na cruz, da mesma forma que o nosso Deus encarnado se fez vítima por todos nós, humilhando-se e dando até a sua última gota, hoje Ele sofre também quando enxerga no coração humano tanta maldade. Parece até que o ser humano se animalizou. Recordo com meus amigos aquilo que ressaltei na reflexão do evangelho de ontem, quando Jesus afirmou aos chefes da lei que estes não tinham o amor de Deus. No sistema político e social que violenta a família em todos os seus aspectos, neste não pode habitar o amor de Deus. Por isto, cenas como as de ontem se tornam realidade. Aqueles que deveriam proporcionar vida digna a todos, mancham suas honras e nos fazem padecer como o Cristo na cruz. ”O Reino de Deus ainda não se realizou por causa dos apóstolos hesitantes e cansados que desistem quando a coisa fica incômoda e não lhes favorece!” (Padre Zezinho, scj).  Continuamos vivendo a Quaresma. Assumamos em todas as nossas atitudes gestos capazes de transformar toda esta realidade que o mundo experimenta. O evangelho de hoje nos apresenta Jesus sentindo a sua morte se aproximando, ao ponto de começar a andar às escondidas, mas sem deixar de falar das coisas de seu Pai: “Vós me conheceis e sabeis de onde sou; eu não vim por mim mesmo, mas o que me enviou é fidedigno. A esse, não o conheceis, mas eu o conheço, porque venho da parte dele, e ele foi quem me enviou” (Jo 7,28-29). Vejamos que todos os que vivem para fazer o bem, sempre enfrentarão desafios, até mesmo situações de violência e morte, pois estarão sempre incomodando àqueles que vivem lucrando com a desgraça alheia: “Armemos ciladas ao justo, porque sua presença nos incomoda: ele se opõe ao nosso modo de agir, repreende em nós as transgressões da lei e nos reprova as faltas contra a nossa disciplina” (Sb 2,12). A brutalidade ocorrida no Rio de Janeiro nos incomoda e nos deixa perplexos. Mas não deixemos de olhar para as nossas famílias que devem prosseguir suas vidas com fé, esperança e amor. Rezemos pelas almas das criancinhas inocentes de ontem, por seus familiares e por toda a nossa sociedade que, como nos lembra a Campanha da Fraternidade deste ano, “geme em dores de parto” (Rm 8,22). Sem perder a esperança e sem jamais deixar de acreditar no silêncio de Deus que nos permite contemplá-lo, façamos das palavras do salmista às nossas: “Clamam os justos, e o Senhor bondoso escuta e de todas as angústias os liberta” (Sl 33). Abraços a todos!

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