Daniel 13,41c-62
Sl 22
João 8,1-11
O evangelho de hoje certamente é conhecido até
por aqueles que nunca tiveram nenhum contato com a Bíblia. Refiro-me ao
encontro de Jesus no templo com os doutores e fariseus querendo condenar a
mulher adúltera. Antes de quererem “fazer” justiça, estes homens que se diziam zelosos
para com as coisas de Deus, queriam mesmo era observar qual seria a atitude de
Jesus, a fim de conseguirem condená-lo à morte. Esta semana da quaresma nos faz
sentir os momentos cruciais da vida pública de Jesus. Os homens aproximam-se do
Filho de Deus com uma mulher “pecadora”. Jesus utiliza-se de muita paciência,
prudência e discernimento. Escuta-os até o fim. Diz São João que Jesus
simplesmente abaixou-se e começou a escrever no chão. Atitude de quem é altamente despojado de todo e qualquer sistema que
reprime o ser humano. Jesus liberta, encoraja e refaz a dignidade das pessoas
que se deixam iluminar por seus atos. A única e maravilhosa resposta que
Jesus proferiu àqueles homens foi a que todos nós já conhecemos bem, embora
pareçamos esquecê-la em nossa cotidiano: “Quem
dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra” (Jo 8,7).
Em nosso dia-a-dia, torna-se cada vez mais fácil querer constatar falhas das
mais diversas, mas sempre nos outros. A fim de tamparmos com a peneira os
nossos mais perversos comportamentos. Depois desta sábia resposta, diz o
evangelho que todos os acusadores se calaram e ”foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos” (Jo 8,9).
Sim, caros amigos! A começar pelos mais velhos. Isto quer dizer que os mais
experientes na vida, devem ser os primeiros a assumirem que são portadores de
defeitos. Suas vidas devem ser testemunho aos mais jovens, na idade e na fé.
Somos todos contradição! Sábio é aquele que assume todos os dias que carece
sempre do perdão de Deus. Eis o principal objetivo da Quaresma. Ao assumirmos
esta realidade e nos colocarmos à disposição da conversão verdadeira, Deus é
sempre infinitamente misericordioso. E prossegue o evangelho: “Jesus ficou sozinho, com a mulher que
estava lá, no meio, em pé” (Jo 8,9). Os incoerentes foram embora, mas a
mulher não. Fico eu a pensar: esta mulher talvez estivesse tomada de uma
profunda vergonha por ter sido exposta desta forma. Ela deveria ter aproveitado
a ausência de seus acusadores e o silêncio de Jesus, que nem sequer olhava para
ela naquele momento, e teria saído rapidamente daquele triste cenário. Mas não!
Ela estava diante do seu princípio e fim. Aquele que é o nosso caminho, verdade
e vida! Penso que desde o momento inicial estava inebriada pela presença de
Jesus em sua vida. Seria o mesmo sentimento de Suzana, a personagem da primeira
leitura de hoje. Esta, em meio a uma grande calúnia acerca de sua postura como
mulher, esposa e filha temente de Deus, assim disse: “Ó Deus eterno, que conheces as coisas escondidas e sabes tudo de
antemão, antes que aconteça!” (Dn 13,42). Que meus amigos tenham a alegria
de se deleitar com este texto do profeta Daniel. Uma bela mensagem de valores e
de princípios. Sentimentos tão ausentes nos dias de hoje. Maravilhosas são as
palavras de Jesus para a mulher do evangelho de hoje: “Eu, também, não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques
mais” (Jo 8,11). Deus não quer nos condenar, Ele quer de nós uma decisão. E
a decisão brota do nosso íntimo. Deixemo-nos inebriar também pelo amor de Deus que
vem até nós por meio desta Quaresma. Vamos juntos repetir as palavras do
salmista, hoje e sempre: “Felicidade e
todo bem hão de seguir-me, por toda a minha vida; e, na casa do Senhor,
habitarei pelos tempos infinitos” (Sl 22). Quem sabe contemplar o olhar de
perdão e de amor do nosso Deus, este jamais imaginará que o seu pecado é maior
do que o dom da vida que sabe experimentar o amor. Obrigado por sua atenção até
aqui. Abraços a todos!
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