Novamente
a tônica das palavras de Jesus é de despedida. Já afirmamos que sua despedida
não é comparável a um abandono. É tanto que com o evangelho deste domingo, além
de um amparo de sua parte, sentimos conforto e consolo.
Jesus nos convida a continuarmos
observando suas palavras e seus mandamentos, contextualizados pelo seu imenso
amor. O amor é a verdade. Tal sentimento, quando correspondido, realmente será
a causa fundante de nossas vidas.
Junto a esta sua mensagem: “se
me amais...” (Jo 14,15.21), Jesus começa a nos preparar para estarmos
prontos a darmos as motivações de nossa vida, em meio ao acolhimento do seu Santo
Espírito.
Mas porque é preciso o Espírito Santo
entre nós? Afinal, Jesus já não havia feito tudo? Qual a razão de haver um Espírito
Santo?
Sabemos que, como nos ensina o Credo Niceno-constantinopolitano, o
Espírito Santo é o Senhor que dá a vida, pois vem do Pai e
do Filho. Com ambos é adorado e glorificado, pois igualmente Ele é Deus.
Falando-nos
ainda mais, Jesus não apenas se volta à Pessoa do Espírito, que é também Deus
com Ele. Jesus nos oferece o seu Espírito, levando-nos a crer que o Espírito é
o nosso defensor. Defende-nos porque nos consola. E nos consola porque é o
Espírito da verdade e conhece os nossos corações. Jesus também já disse em
outra ocasião: “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8,32).
O
Espírito Santo que recordaremos solenemente na celebração de Pentecostes trará
até nós a certeza da vida. É a vida que o Pai já nos permitiu conhecer quando
nos enviou o seu Filho Jesus.
Quem acolhe
esta realidade de maneira alegre e verdadeira, à luz da fé, certamente perceberá
que obstáculos são quase inevitáveis para que esta “alegria seja plena” (Jo
15,11).
Não nos
assustemos com tais obstáculos à nossa frente. Não somos os únicos. Não somos
os primeiros, muito menos os últimos a encontrar adversidades em busca da
alegria de Deus que já perpassa o nosso coração humano.
A palavra de
Deus hoje continua a nos contextualizar tal verdade. Os apóstolos na missão de
formar a Igreja nascente encontram inúmeros desafios (1ª leitura). O momento
era muito novo para todos eles. O diácono Filipe, mesmo obtendo êxito em sua
missão diante dos judeus e pagãos da Samaria, depara-se com dificuldades. Estes
povos não se entendiam. Mas Filipe foi perseverante. Prosseguiu e deu sentido
ao que lhe foi confiado. Tudo isto lhe foi possível porque ele atuava com a
força do Espírito Santo.
O Espírito de
Pentecostes realmente consola e quando se acolhe tal consolo, a paz é uma
resultante mais que certa. O Espírito Santo é também apaziguador. Foi o que Pedro
e João fizeram juntos a Filipe, impondo as mãos sobre tais povos. Eles estavam
confirmando a fé daquela gente. Lembremos que a nossa fé também foi confirmada
por ocasião do Sacramento da Crisma.
Confirmar
a fé é também encontrar sustento para a mesma, a fim de que tudo aquilo que foi
acolhido como verdade (o Espírito da verdade – Jo 14,17), seja mantido e
preservado. Convicção é também uma atitude louvável em meio a fé que recebemos
quando batizados.
A palavra
de Deus desta ocasião celebrativa também nos faz refletir a este respeito. Com
a segunda leitura, a fim de apresentar um sentido novo, autêntico e verdadeiro
à vida, São Pedro exorta os cristãos, à fidelidade aos compromissos assumidos
com Cristo no Batismo quando ele diz: “estai sempre prontos a dar razão da vossa
esperança” (1Pd 3,15).
Que o
Espírito Santo, aquele que também se traduz com dons de inteligência e
sabedoria, permita-nos sempre encontrar, de forma sólida e robusta, as
respostas que o nosso coração humano tanto aspira, a fim de sermos sempre mais
convictos e fervorosos com a fé que um dia abraçamos. Foi por esta razão que
Jesus nos falou de não estarmos nunca sozinhos. O Pai não deixa ninguém órfão
(Jo 14,18).
Poderemos até desprezar
a paternidade de Deus, mas o seu Espírito sempre estará nos recordando que Ele
nos ama com imenso amor de Pai. Por isso abrigou os discípulos em meio a tantas
dificuldades (1ª leitura) e apresentou palavras acertadas a São Pedro, cuja
atenção é sempre pronta para nos tornar clara a mensagem madura e consciente de
nossa fé (2ª leitura).
Sejamos ainda como o
salmista que hoje também nos recorda palavras que sintonizam o nosso falar com
o nosso agir em meio à fé: “Bendito seja o Senhor Deus, que me escutou.
Não rejeitou minha oração e meu clamor, nem afastou longe de mim o seu amor”
(Sl 65). É com este louvor sereno que concluo as minhas palavras para mais um
momento familiar com Deus e com os irmãos. Que o Espírito do ressuscitado
renove as nossas forças, num caminhar sempre apontado para a esperança maior de
nossas vidas. Assim seja! Amém!
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