Impressiona-nos a riqueza de detalhes que se apresentam como pano de fundo na
história da cura de um homem surdo e mudo. Diz o evangelho que as pessoas que o
levaram, pediram que Jesus impusesse as mãos sobre ele. Este gesto é muito
antigo. Inúmeras vezes observamos tal atitude presente no contexto do antigo
testamento. Hoje mesmo este costume encontra uma riqueza sem par em meio ao
nosso povo. Impor as mãos representa a certeza de que somos canais da graça de
Deus. Desejamos que a graça de Deus que habita em nós, possa também fazer
morada no outro que solicita e acolhe este gesto. A simbologia presente no fato
de impor as mãos, faz-nos lembrar dos nossos romeiros em Juazeiro. Porque o
Juazeiro é um espaço sagrado, tocam no túmulo do Padre Cícero, nas imagens sacras
e nos templos, pois todos desejamos nos “sacralizar” de alguma forma,
protegendo-nos e depositando a certeza de que Deus nos acolhe. Contudo, Jesus
não apenas impôs a mão naquele homem. Ele também o curou. Realizou um ritual muito
comum entre as pessoas da época. Tomou a saliva para curar aquele homem.
Naquele tempo, a saliva era compreendida como medicinal. Os costumes, quando
são observados a partir de um frutuoso sentido, pode ser também o canal da
graça de Deus, autor de toda a cura e de toda a vida. Aprendamos com Jesus.
Vamos ao encontro daqueles que, mesmo sem serem surdos ou mudos, não encontram
mais nada de bom para ouvir ou falar. Devolvamos o ânimo àqueles que a vida já
lhes calou (1ª leitura – Is 35,4-7). Revigoremos as forças daqueles que não
sabem mais a quem recorrer. Aprendamos ainda com a fé daqueles que são simples,
humildes, tocam as coisas sagradas porque antes Deus já os tocou. São lições
vivas do amor verdadeiro de Deus entre nós. Sem preconceito, discriminação ou
qualquer coisa desta natureza, saberemos o que fazer e a quem recorrer. Afinal,
Deus não faz acepção de pessoas (2ª leitura – Tg 2,1-5).
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